Seguem abaixo trechos de uma entrevista realizada por Geoff Martin, do site Canada.com, com Nicko McBrain, baterista do IRON MAIDEN, em setembro de 2006:
Sobre a sua conversão ao Cristianismo, que ele diz que aconteceu em 1999:
“A
pergunta mais comum que as pessoas sempre fazem é, ‘Como você pode
tocar ‘Number of the Beast?’ Bem, espera aí, é apenas uma história. Se
você olhar no Livro das Revelações, vai estar tudo lá, toda essa raiva,
todo esse negócio. E isso, foi uma música escrita a partir de um
pesadelo que Steve teve.
“E a minha opinião é que um dos maiores
truques que o Diabo já fez é fazer você acreditar que ele não existe. Eu
posso dar um tapinha no ombro das pessoas e falar, ‘Eu não estou
glorificando-o – se eu estivesse eu não seria Cristão.”
“Pois eu
entendo, e a maioria dos Cristãos entendem, que o pecado é o domínio do
Diabo e o último pecado é a morte, mas nós temos um caminho a ser
seguido, e é aí que a fé e o Cristianismo
entram em cena. Algumas vezes eu já tive a oportunidade de conversar
com as pessoas sobre a minha fé e sobre o que eu sinto, e talvez esta
seja a maneira que o bom Deus esteja trabalhando comigo.”
“Por
ainda ser possível estar em uma banda tão grande, onde pessoas pensam
que somos demoníacos ou Satânicos, a maioria das pessoas que nos
conhecem e possuem um mínimo senso e inteligência, sabem que isso não é
verdade. Não é necessário ser um Einsten para escutar os nossos álbuns e
escutar as letras das músicas para entender o que está acontencendo.”
“Okay,
então Eddie é o mascote da banda, certo? E ele é... meio que... bem,
ele é um demônio, você sabe! Ele é o que você quer que ele seja,
entende? Digo, escute isso, olhe para o número da Besta, aqui está ele, o
mascote do Demônio! Mas você sabe, nós não estamos glorificando Eddie
como um demônio. Ele é apenas.... um personagem de desenho.
“Mas
pessoas podem olhar e falar, ‘espere um minuto, Nicko, como você pode
dizer que é Cristão, e estar tocando numa banda que tem esse tipo de
coisa acontecendo?
“Quando você se torna Cristão, você não se
torna livre dos pecados, a idéia é pecar o menos possível. Somos todos
pecadores, nunca estaremos limpos até o dia que o bom Deus estará na
nossa frente para nos julgar. Eu tento viver a minha vida, eu realmente
caio as vezes, e o ocasionalmente eu caio muito profundamente e eu tenho
que me ajoelhar e implorar por perdão. Não é uma coisa fácil, não é
para ser mesmo.”
Sobre um suposta tentativa de converter os seus amigos de banda para a sua fé:
“Nós
já tivemos algumas incríveis conversas bem profundas entre nós. Não
posso dizer a você que estou tentando converter todos esses caras da
minha banda para serem Cristãos. Eu os estou levando pelo meu caminho, e
se eles escolherem seguir os planos de Deus como está na Bíblia, isso é
por conta deles. Eu digo para todos eles, entende, na minha crença, no
momento, se você se vira para o salvador Jesus Cristo, você terá uma
vida eterna no Céu com ele!... Nós não falamos sobre isso todas as vezes
que estamos juntos, mas já tivemos algumas incríveis conversas durante
esses anos.”
“Eu realmente rezo para o Senhor por ainda ser
possível estar nessa banda, e as bênçãos que nós todos temos por poder
fazer esse tipo de música, e ainda estar por aí virando a cabeça de
garotos que falam, ‘Cara, esses caras podem tocar! Eles podem ser uns
velhacos, mas escute isso!”.
Sobre a ascendência da banda desde que Bruce Dickinson retornou ao grupo:
“Desde
que Bruce voltou, parece que voltamos ao início dos anos 80, onde
tínhamos essa formação. Nos meados dos anos 80, as pessoas falavam que
estávamos no auge de nossas carreiras. Bem, isso foi naquela época, mas
hoje é que estamos no auge de nossa carreira, de verdade, pois atingimos
um círculo completo, e estamos fazendo tudo novamente com as mesmas
pessoas.”
Sobre o CD “A Matter of Life And Death”:
“Este
álbum é um passo a frente de tudo o que já fizemos, na minha opinião.
Eu conheço algumas pessoas que não concordam com isso, mas eu não ligo,
você pode enfiar essa opinião naquele lugar, eu não ligo a mínima.”
Sobre o processo de gravação de “A Matter of Life And Death”:
“Normalmente,
Steve Harris (baixista) e eu temos essas enormes discussões durante o
processo, seja de composição ou de gravação do álbum, mas desta vez nós
não fizemos isso. Apenas conversamos, entende? Steve disse, ‘Hey, você
percebeu que não tivemos ainda nenhuma discussão neste álbum?’ Nós ainda
tínhamos quatro lados-B para gravar, e eu disse, ‘Steve, espera um
minuto, nós ainda temos outro dia no estúdio, ainda pode acontecer!”
“Eu diria que qualquer coisa que gravamos, nós nos orgulhamos de poder realmente reproduzir aquilo ao vivo.”
“No
final do dia, o fã que compra aquele álbum consegue discernir bastante
as coisas, ele vai para um show para estar na frente da banda ou do
artista solo, seja quem for, e ele vai pensar, ‘hey, aquilo não soou
muito bem, está uma m****! Entende?"
Fonte: Whiplash